Inventário da Marujada de São Benedito de Bragança
“O inventário em si já é considerado uma ação de salvaguarda, uma vez que a gente está realizando a ampla documentação de uma manifestação cultural”, explica o técnico em Antropologia do Iphan-PA, Cyro de Almeida Lins, ressaltando que, após o levantamento preliminar, haverá as etapas de identificação e documentação. “Já se espera, no entanto, que, mesmo na fase de levantamento preliminar, considerando a grande quantidade de produção e informação que existe sobre a Marujada, já seja possível elaborar um dossiê de registro”, diz Cyro. O dossiê é necessário para apreciação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que decide se o bem será ou não registrado como Patrimônio Cultural do Brasil. O Conselho deverá apreciar o registro da Marujada nos próximos anos.
Os principais envolvidos no inventário são os detentores, sujeitos que conduzem as manifestações culturais – celebrações como as festividades dos santos e saberes como os modos de fazer Viola de Cocho e Cuias do Baixo Amazonas, por exemplo. No caso de Bragança, os detentores são os marujos e as marujas, que, dentre outras coisas, realizam danças e ritos devocionais durante os festejos. Além disso, a festa contém uma série de outros rituais, como as missas, o arraial e a alvorada (salva de fogos) durante o levantamento do mastro. Todo o roteiro é conduzido pela Capitoa, cargo de liderança exercido exclusivamente por uma mulher, conferindo à Marujada um caráter fortemente matriarcal. A festividade é realizada pela Irmandade de São Benedito e Paróquia de Bragança.
Coordenação: Prof. Roseane Pinto
Fotografia Still: Pedro Tobias
Direção de Fotografia: San Marcelo